A maioria das pessoas não se dá conta do valor do tempo e nem das possibilidades infinitas de aprendizado e crescimento espiritual que os minutos representam. O alerta é de Emmanuel, que ressalta, no livro “Caminho, Verdade e Vida” (cap.1), ser natural que todo homem queira contar com o tempo, mas indaga: “e se esse tempo estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde e sem trabalho?”
A pergunta é uma oportunidade de refletir sobre o tempo do ponto de vista espiritual. Em vez de adversário a ser combatido, ele se torna um aliado, que apresenta diferentes oportunidades de aprendizado e ampliação da consciência. Numa sociedade que valoriza a juventude e é pródiga em produtos “contra” o envelhecimento, aceitar a passagem do tempo e as mudanças que traz é sinal de sabedoria.
No livro “Boa Nova” (cap.9), diante dos discípulos mais jovens e fortes, Pedro sente que não tem a mesma energia e, embora o espírito se conservasse firme e vigilante, começa a duvidar de sua capacidade para o trabalho de propagação do Evangelho. A resposta de Jesus vem em forma de pergunta:
– Simão, poderíamos acaso perguntar a idade de Nosso Pai? – E segue: “Em face da grandeza espiritual da vida, a existência humana é uma hora de aprendizado. (…) Em verdade, ser moço ou velho, no mundo, não interessa! Antes de tudo, é preciso ser de Deus!”
Todos são igualmente filhos do Criador, mas é tarefa individual desenvolver a centelha divina que trazemos em nós. Por isso, o aproveitamento do tempo depende de cada um e é essencial entender a diferença entre idade corporal e espiritual. Qual a idade do Espírito, nas múltiplas encarnações? Se as forças físicas diminuem com o tempo, o conhecimento e a experiência se expandem. Como enxergamos essa fase da vida? Como vivê-la sabendo que cada etapa tem sua finalidade?
No livro “Conduta Espírita”, André Luiz recomenda fugir de chorar o passado e alerta que, se o passado é a raiz do presente, o amanhã germinará das sementes do hoje. Portanto, desperdiçar tempo é esbanjar patrimônio divino. Ao vivermos tendo em mente que somos espíritos e não apenas matéria, percebemo-nos como cocriadores do mundo que nos cerca. Cada palavra, cada pensamento, gera partículas deletérias ou salutares impregnando a nós e a tudo a nossa volta.
Com o tempo, aprendemos que a fraternidade é o caminho para a verdadeira felicidade. Ao ampliarmos a consciência, aumentamos nosso campo de ação, unindo-nos a causas maiores do que nós; já não basta o bem-estar individual, é necessário o bem-estar também dos companheiros de jornada.
Toda semente pede tempo para germinar. Assim também nos domínios da alma. Que possamos refletir sobre o que estamos semeando e como temos aproveitando o tempo a favor do nosso desenvolvimento espiritual. Os minutos valem ouro.
Regina Motta